Por Patricia Jacob*
Frustração. Geralmente ouvimos essa palavra e logo pensamos em algo negativo, ruim. Mas hoje gostaria de mostrar pra vocês o aspecto positivo dela. Nenhum ser humano gosta de ser frustrado em seus desejos. E nenhum pai ou mãe afetivos tem prazer em frustrar seus filhos. Nossa vontade seria a de poder satisfazer todas as suas necessidades e vontades. É muito gostoso podermos prover nossos rebentos de tudo o que podemos. Gostoso, mas muitíssimo perigoso!
Se não ensinarmos nossos filhos a agüentarem frustrações, os deixamos à mercê de seus desejos mais egoístas e a tendência é que eles sigam seus aspectos mais destrutivos. Vamos pensar em como é deixar uma criança pequena sozinha. Ela provavelmente vai seguir todos os seus instintos e vai se machucar ou destruir alguma coisa. Isso porque ela ainda não sabe se cuidar, conter seus impulsos e nem ser cuidadosa com as coisas ou com os outros. Isso é aprendido com o tempo e é dever de todo pai e mãe responsável educar os filhos como seres humanos cuidadosos e a ensiná-los suportar as frustrações de não poderem ter tudo o que querem.
Se não fazemos isso, eles crescem com o entendimento de que estão no mundo para serem servidos! Essa é uma das idéias mais danosas com a qual uma criança pode crescer… E infelizmente é com essa idéia que nossa sociedade tem se relacionado com nosso planeta: com a idéia do “vinde a mim“. Vivemos com a idéia de que o Planeta e a natureza estão aí para nos servir e que podemos ‘tirar proveito’ dos nossos recursos naturais sem limites e que não precisamos zelar pelo nosso ambiente. Ao contrário, achamos que temos que ser servidos pela natureza.
Precisamos com urgência começar a mudar nossa visão. Como sociedade estamos agindo como crianças mimadas e inconseqüentes. Mas podemos colaborar com essa mudança ensinando nossos filhos a cuidar e zelar pelo nosso Planeta. A servir a natureza. Ensiná-los que o Planeta não precisa de nós para viver: nós é que precisamos dele para continuar existindo como espécie. Ensiná-los que toda relação depende de uma troca e que não podemos mais viver na filosofia do “vinde a mim“.
*Patricia Jacob é psicóloga clínica formada pela USP-SP.