Por Patricia Jacob*
Cada um de nós vem de um homem e uma mulher, e nossos pais ou as pessoas que nos criaram têm um impacto importante no nosso desenvolvimento. Cada um de nós deve ter tido um ou mais irmãos ou irmãs que também tiveram um impacto em quem somos hoje. E cada um de nossos pais também foi influenciado pela sua própria família de origem, pelas personalidades e situações de vida que encontraram, pelas lutas que tiveram que enfrentar, pelos aprendizados que puderam tirar dessas lutas, e isso tudo foi passado de alguma forma para seus filhos.
A importância de conhecer a sua história familiar é poder saber como ela afeta o “roteiro”, o “script” da sua vida. Tudo o que você vivenciou -quem eram seus pais, seus avós, o estilo de vida que levavam, como eles se relacionavam um com o outro e com você- foi dado a você e influencia suas atitudes e seu senso de lealdade, de direção, de responsabilidade, de segurança. O que você aprendeu de sua família (verbalmente ou em gestos, atitudes e comportamentos não-verbais) ainda afeta sua vida hoje.
Trazendo à tona impressões, memórias e associações, você pode abrir seu leque de opções na vida e ao invés de agir de acordo com experiências inconscientes, poderá tornar-se o “comandante” de sua própria vida. Você tem pouca escolha em como mudar seus comportamentos até que você reflita sobre quem você é e de onde veio. Nosso roteiro de vida é moldado pelas lições de nossa infância, de coisas simples que aprendemos como: de que maneira deve-se relacionar com as pessoas, como lidar com os próprios sentimentos, facilidade ou não de se aproximar fisica e intimamente das pessoas, etc.
Suas oportunidades de mudança ficam maiores se você consegue dizer a si mesmo: “Eu quero manter isso, isso eu gostaria de descartar. Isso é útil pra mim, isso não é.” Colocando dessa forma, parece muito fácil.No entanto, nem sempre é possívelfazermosesse processo sozinhos. Dependendo de quão embaralhados os “nós” de nossa história, precisamos de um instrumento de ajuda para podermos fazer essa busca.
Fácil seria se o que nos prendesse ao passado fossem correntes: apesar de grossas e fortes, elas são mais fáceis de serem quebradas ou arrebentadas de uma só vez. Mas na maioria das vezes, o que nos vincula ao passado são novelos, de linhas bem fininhas mas que formam um emaranhado muito mais difícil de ser desfeito. Nesse caso, o instrumento que podemos utilizar é a psicoterapia.
O processo de psicoterapia pode facilitar nosso trabalho de irmos desfazendo os nós de nossa história para que possamos serdonos de nosso próprio destino e para que possamos descobrir quem realmente somos.
*Patricia Jacob é psicóloga clínica formada pela USP-SP.