Por Patricia Jacob*
Nos últimos artigos estivemos falando sobre a educação dos filhos, como agir e como dar castigos eficazes. Tenho sempre deixado clara a importância de ensinarmos limite às crianças pois se elas não aprenderem durante a infância a lidar com frustrações e “nãos“, se tornarão adultos que não aguentam serem contrariados e receber “nãos“ que a própria vida se encarrega de nos dizer ao longo dos anos… Esta semana gostaria de chamar a atenção dos pais para a diferença entre autoridade e autoritarismo.
Há uma enorme diferença entre exercer autoridade e ser autoritário, que muitos pais parecem não perceber. Os dois termos representam duas crenças muito distintas sobre como deve ser a educação das crianças. É a mesma coisa se pensarmos na relação empregador-empregado. O chefe autoritário simplesmente impõe o que quer (normalmente com gritos ou olhares que assustam a qualquer um), sem a mínima flexibilidade e tem funcionários rebeldes, que não veem a hora de se verem “vingados“. O chefe que é autoridade dentro de uma empresa, impõe suas necessidades com firmeza, cobra resultados, mas escuta quando o funcionário tem algo a dizer, é afetivo e compreensivo, e flexível ou firme, dependendo da necessidade do momento. Este é o chefe bastante respeitado e admirado. Podemos transportar isso para dentro de casa.
Com pais autoritários, a criança que fez algo “errado“ normalmente leva punições muito severas (ou físicas ou emocionais, como a humilhação: a pior das punições). Os castigos severos demais ensinam muitas coisas às crianças:
1) A ter medo ou rancor de autoridades, mesmo as que não são tão rígidas (e isso é ruim, pois a criança precisa aprender a respeitar autoridades como os professores).
2) A mentir.
3) Como fazer as coisas sem serem pegos, ou seja, a tornarem-se ardilosos.
Por outro lado, pais que impõe sua autoridade com limites claros, auto-controle, flexibilidade e firmeza, ensinam:
1) Que todas as ações produzem consequências (ações boas, consequências positivas –um elogio, por exemplo- e ações ruins, consequências negativas –que nem sempre precisam ser impostas pelos pais. Algumas consequências vêm por si só com a ação da criança, por ex. quando não querem jantar e vão pra cama com fome. Claro que se for uma criança anêmica que precisa comer, a história é diferente!)
2) A fazer escolhas.
3) A ter responsabilidade por suas ações.
*Patricia Jacob é psicóloga clínica formada pela USP-SP.