Por Patricia Jacob*
São fases. Mas vira e mexe acontece de novo uma onda de terrorismo em algum país por aí e a mídia explode mostrando detalhes dos acontecimentos. E nossa criançada vendo tudo isso, como fica? Bom, sempre que as crianças souberem de algo assim violento, ou virem uma reportagem sobre isso, algumas cuidados são importantes na nossa explicação a eles:
1) Devemos sempre responder a suas perguntas de forma honesta: se uma mãe diz ao filho que foi só um acidente de avião, essa criança com certeza vai ouvir outras informaçãoes e vai perceber que aquilo não é verdade, passando a não confiar mais nos pais.
2) Temos que explicar na linguagem da molecada: uma mãe, entrevistada por um jornal da TV, disse ao filho de 4 anos simplesmente que aquilo foi um ato de terrorismo. Mas uma criança de 4 anos sabe o que é um ato de terrorismo? Se complicamos na linguagem, eles ficam confusos e podem criar fantasias diversas sobre o assunto.
3) Dizer a eles que esses terroristas (ou assassinos, políticos corruptos, etc) não são heróis e nem modelos a serem seguidos. Às vezes a mídia focaliza tanto o relato dos atos e falam tanto das “razões” e da história dos vilões, que as crianças podem começar a admirá-los.
4) Importante enfatizar o horror do fato, para que, de tanto ouvirem falar de atos de violência, eles não se anestesiem com tais ocorridos, achando que são coisas naturais da vida.
5) Mostrar as consequências para as vítimas, o sofrimento e a dor das famílias. É com os sentimentos que as crianças conseguem entender o absurdo do que aconteceu.
6) Para explicar o por quê, basta dizer algo assim, na linguagem adequada a cada idade e ao que acredita cada família: “Essas pessoas fizeram aquilo porque têm conflitos com esse país e infelizmente ainda há nesse mundão muitas pessoas que não sabem resolver conflitos de uma forma pacífica, sem violência e sem agressão.”
É uma boa oportunidade pra conversar com eles sobre as formas pacíficas de se resolver diferenças e conflitos e sobre alguns “heróis de verdade”, como Gandhi e Nelson Mandela, que conseguiram conquistas muito importantes para seus países sem o uso de armas, guerras ou violência.
Patricia Jacob é psicóloga clínica formada pela USP-SP.