Por Patricia Jacob*
Como vimos no artigo passado, nossa sociedade não tem mais estimulado vínculos fortes entre os jovens: os pais ficam preocupados quando o filho está muito “grudado” com um amigo, a escola separa os amigos de turma para não “atrapalharem” a aula, a menina é chamada de “boba” por querer honrar um trato que fez com uma amiga… E com isso, os jovens estão mesmo cada vez menos fazendo amizades de verdade. O que mais vemos atualmente são relações sem vínculo, sem ligação afetiva, sem comprometimento. Vemos nossos filhos sem um amigo de verdade com quem podem contar nas horas mais difíceis, mas rodeados de “parceiros de farra” ou “parceiros do prazer”. O que é isso? É o que tem substituido as amizades hoje em dia…
A parceria, diferente da amizade, é uma relação de competição e não de soma. Nela, há uma cumplicidade somente no prazer. Não há cumplicidade no sofrimento, na dor.
Vamos entender melhor? O amigo é aquele que consegue dividir uma dor comigo, dar um ombro amigo, um colo quando preciso. O parceiro é aquele que ignora minha dor, diz que é bobagem e me dá um copo de cerveja (ou algo pior) pra eu esquecer. O amigo é aquele que, quando faço algo errado, me dá um puxão de orelhas e me diz o que tenho que ouvir, mesmo correndo o risco de eu me chatear com ele. O parceiro não tem coragem de se indispor comigo e me deixa seguir em frente com meu erro. O amigo está do meu lado quando preciso de uma companhia pra um compromisso chatíssimo. O parceiro só aceita meus convites pra festas, pra farra, pro que dá prazer. O parceiro está sempre do meu lado pra fazer coisa errada, mas nunca está do meu lado na hora de arcar com as consequências.
Então ensinem seus filhos a serem amigos, e não se esqueçam de dar o exemplo!
*Patricia Jacob é psicóloga formada na USP-SP.