Por Patricia Jacob*
Sua língua enrola e as palavras somem de sua boca quando seu filho faz uma pergunta sobre sexo? Então não se desespere… você não é o único! Sempre gostamos de pensar nos nossos filhos como seres assexuados e completamente inocentes e nos assustamos com seu desenvolvimento natural em direção à maturidade sexual que vem na adolescência. Nessas ocasiões, os pais se angustiam e nessa angústia, acabam enrolando e não respondendo às perguntas das ferinhas, ou acabam respondendo demais e confundindo a cabecinha delas. Nenhuma das opções acima são ideais. A dica aqui é: seja simples e direto e se pergunte o que ele está realmente querendo saber, para dar uma resposta direta, honesta e compreensível.
Perguntas simples como geralmente são, exigem respostas simples e honestas:
-Como (ou de onde) eu nasci? Da barriga da mamãe.
-Porque você tem pipi, papai? Por que eu sou homem.
-Porque o seu é maior que o meu, papai? Por que eu sou adulto. Quando você for adulto, o seu vai ser grande que nem o do papai.
-Porque a mamãe tem seio? Por que é mulher.
Tais perguntinhas normalmente começam lá pelos 3 anos e meio ou 5 anos. Essa é a fase em que começam a construir sua identidade sexual, então começam a questionar sobre a diferença entre os sexos. Geralmente não querem saber sobre sexo e concepção, e sim saber como surgiram no mundo, saber da diferença entre os homens e as mulheres e se identificar como um deles. Eles só vão começar a conseguir entender a idéia de concepção e procriação à partir dos 6 ou 7 anos, fase em que fazem bem menos perguntas, pois têm vergonha de falar sobre essas coisas com os adultos e preferem confidenciar suas especulações com os amiguinhos. Mas se perguntarem, temos que responder sempre (senão alguém ‘lá fora’ vai responder por você!).
Mas com certeza lá pela adolescência eles vão precisar de uma boa conversa (ou várias) sobre sexo propriamente dito. Na adolescência, sim, dá pra ser mais “técnico”. Antes da adolescência, a gente precisa falar mais de emoção e de coração do que dar aulas de educação sexual pra gurizada. Eles não precisam saber que o beijo na boca é uma preliminar importante para o sexo: precisam somente saber que é um gesto de carinho entre duas pessoas grandes que se gostam.
A coisa pra eles ainda é muito simples… é a gente que complica e dificulta tudo. Se eles perguntam e a gente responde de forma natural, eles vão crescer “de bem” com a própria sexualidade. E não podemos esquecer de falar de responsabilidade e de sexo ligado ao afeto.
Mas o que costuma deixar os pais ainda mais pipocados do que responder às dúvidas da molecada, é saber como lidar com os comportamentos normais da descoberta sexual em cada fase (masturbação, brincadeiras, etc.). Vamos falar sobre isso no próximo artigo (“As fases da descoberta sexual”), ok?
*Patricia Jacob é psicóloga clínica formada pela USP-SP.