Por Patricia Jacob*
Com certeza você, pai ou mãe, já se viu numa situação assim: seu filho vem a você triste, ou bravo com alguma coisa, e você não sabe o que dizer para ajudá-lo. O que vocês podem fazer numa situação dessas? Felizmente, quando não sabemos o que dizer, pais, nós podemos ficar quietos. É… muitas vezes o silêncio, a escuta atenta e um colinho são as melhores respostas. Mas estou falando do silêncio compreensivo e acolhedor e não do silêncio frio, que ignora e subestima o que foi dito.
Saber ESCUTAR é a melhor capacidade que um pai pode ter para ajudar seus filhos, principalmente os adolescentes. “Ah, mas isso é fácil!”, vocês podem me dizer. Não, não é. Minha experiência me mostrou que a maioria dos pais tem que morder a própria língua pra conseguirem ficar em silêncio nessas horas. Quando eles vêm a nós contando um problema, raras vezes precisam ou querem um conselho sobre o que fazer. Eles só precisam desabafar com alguém que se importa com o que eles sentem e precisam de uma força para conseguir, por si sós, resolverem os próprios problemas.
Mas o que nós, pais normais, acabamos fazendo? Abrimos nossa boca e estragamos tudo! No desejo de ajudá-los, acabamos querendo resolver o problema por eles, ou vamos logo perguntando que culpa eles têm na história, ou dizendo que não precisam ficar assim, que é tudo besteira, ou desvalorizando o que estão passando. Ou seja, coisas que só vão fazê-los se sentirem incompreendidos e acabar com a comunicação.
Outra coisa importante na escuta é tentar “ouvir” as emoções, e não as palavras. As palavras nunca são mais importantes do que o sentimento que a criança está expressando. E quando conseguimos “ouvir” o sentimento, devemos mostrar isso pra criança: “Você está mesmo chateado e muito triste”. Assim, eles vão continuar falando de seus sentimentos e com isso, realmente desabafar. Tendo desabafado, se sentirão mais fortes para resolver o problema.
*Patricia Jacob é psicóloga clínica formada pela USP-SP.