Por Patricia Jacob*
Vocês já devem ter visto isto: pais que, por estarem sempre muito ocupados ou estressados, acham cômodo deixar a criança na frente da TV por horas… Ali, pelo menos, elas ficam quietinhas, não fazem barulho e não “incomodam”… É triste, mas é a realidade: muito comumente a telinha acaba virando uma “babá eletrônica”. Ela “cuida” dos filhos enquanto os pais estão ocupados ou cansados demais para ter trabalho com criança!
Cadê aquela infância solta, cheia de jogos, brincadeiras, descobertas, invenções, molecagens saudáveis??? Não vemos mais isso! A vidinha dos pequeninos se resume a TV, video-game, computador e pouquíssima brincadeira.
“Ah, mas eu prefiro assim,” me diz uma mãe, “pelo menos sei que meu filho está em casa”. Sim, mãe, ele pode estar longe de más companhias na rua, mas quem disse que as “companhias” que ele tem na TV são boas? Vocês já viram o monte de bobagem que é dito nos programas? O monte de tolices que esses “ricos e famosos” dizem e fazem? E são esses os que irão se tornar ídolos e referências da molecada… É uma pena… Ao invés deles aproveitarem a grande influência que exercem para ajudarem os pobres pais a passarem mensagens e comportamentos positivos para nossa criançada, eles a utilizam para transformar em moda coisas que podem ser nocivas às crianças.
Então alguns pais me dizem que só deixam os filhos assistirem a programas educacionais. Ótimo! Eles são bons mesmo! Mas quanto tempo ele fica na frente da telinha? “Ah, desde que acorda e só para pra almoçar. Mesmo assim eu tenho que tirá-lo da frente da TV à força pra ir pra mesa!”. Então, mãe, checar o conteúdo do que seu filho está assistindo é de extrema importância, mas a quantidade de horas também deve ser limitada. Assistir TV é um ato passivo, em que a criança tem muito pouca interação e isso pode estar podando suas oportunidades de se relacionar com amiguinhos e com a família ou de participar de outras atividades saudáveis, criativas, onde a criança desenvolve sua capacidade de criar e explorar o mundo. Ela se acostuma a formas passivas de diversão e torna-se uma criança menos ativa e dinâmica, tendo consequências ruins para seu desenvolvimento emocional, intelectual e motor.
*Patricia Jacob é psicóloga clínica formada pela USP-SP.